Desenvolvimento da criança de 6/7 anos de idade-Prontidão escolar
Maria Chantal Amarante
Justificativa - A Lei 11.114, de 16 de maio de 2005, estabeleceu como obrigação dos
pais ou responsáveis a matrícula das crianças no ensino fundamental a partir dos seis
anos de idade.
O direito constitucional ao ensino fundamental não é dever somente do Estado,
mas também dos responsáveis. Tal direito, garantido pela Lei Maior, passam por uma
modificação quando a Lei Federal 11.114/05 (art. 6.º), bem como a Lei 11.274/06 (art.
32), indicam a obrigatoriedade da matrícula de crianças de seis anos no ensino
fundamental, composto de nove anos.
A ampliação do ensino fundamental para nove anos, o que na prática significa
transformar o último ano da educação infantil no ano inicial da primeira fase do ensino
fundamental, tira da criança um ano essencial no processo de sua maturidade e de sua
preparação para o aprendizado escolar.
Será um problema se perdermos a identidade pedagógica dessa etapa
educacional. É o último ano da educação infantil (conforme a legislação anterior) ou é o
ano inicial do ensino fundamental (na nova legislação), tanto em relação ao trabalho em
sala de aula quanto à preparação dos professores e das instalações físicas. De qual
‘primeiro ano’ estaríamos falando? Qual o conteúdo pedagógico desse ‘primeiro ano’,
criado e sancionado de forma tão precipitada?
Objetivo – Saber se a criança está madura para o aprendizado escolar não deveria ser
a única questão do professor. Ao iniciar um 1o
ano escolar, o professor precisa também
perguntar a si mesmo se está maduro e preparado para as crianças. Este texto é uma
pequena parte de um estudo que tem o objetivo de identificar os fatores de risco e de
proteção da prontidão escolar em crianças de seis e sete anos de idade. Para entender
o desenvolvimento infantil, é necessário saber que fatores interferem nesse processo.
Introdução
Na infância, do nascimento aos 6–7 anos de vida, a criança está desenvolvendo
sua vida anímica, o corpo físico, os movimentos corporais, a coordenação motora,
principiando sua vida de relações; e ainda o pensar e a força imaginativa e criativa, tudo
isso por meio do brincar. O brincar é a forma de a criança se expressar, imitando tudo
ao seu redor e formando sua linguagem imaginativa da fantasia.
Num ambiente da educação infantil, é necessário que as crianças convivam com
as diferentes idades, de 4 a 6 anos; isso possibilita uma verdadeira integração social.
As crianças mais jovens trazem sua fluidez para as situações de jogos e brincadeiras e
os mais velhos trazem sua direção interior, já elaborando mais detalhadamente as
brincadeiras, e todas se completam muito bem. Ao oferecermos atividades para as
diferentes idades num jardim-de-infância, podemos observar que os mais velhos
ajudam os menores quando estes têm dificuldade, os menores admiram os mais velhos,
etc.
O ritmo saudável de atividades criativas, artísticas e lúdicas, a postura correta
dos educadores, num ambiente que contenha a natureza, com um espaço calmo para as
crianças de diferentes idades conviverem, uma boa alimentação e a convivência
harmoniosa com as famílias – eis os pilares para a aprendizagem no jardim-de-infância.
Os sistemas neurológico e motor da criança, nessa fase, desenvolvem-se por
meio da movimentação corporal, dos relacionamentos sociais, do impulso da criança no
sentido de apreender o mundo e de aprender com o mundo. Por isso a importância do
cuidado com os diferentes estímulos externos que afetam e formam todos os órgãos
internos da criança. As crianças deveriam ficar na educação infantil até completar os 6
anos de idade, para ter um desenvolvimento saudável, e ser atendidas em todas as suas
necessidades.
Entre o sexto e sétimo ano de vida, a criança encerra uma etapa importantíssima
de todas as conquistas que serão o alicerce do aprendizado futuro. O respeito por cada
etapa de seu desenvolvimento, sem acelerar, resulta na organização essencial de seu
corpo físico, para que este possa apoiar a organização de uma vida independente, ora
em desenvolvimento. Essas forças, que estavam em grande atividade na criança durante
sua maturidade corporal e social, do nascimento aos 7 anos de idade, são então
liberadas para o aprendizado. Completando 7 anos de idade no primeiro ano escolar, a
criança terá mais probabilidade de estar madura para iniciar uma nova etapa.
Pesquisas e estudos mostram as grandes vantagens das crianças que entram no
primeiro ano escolar (para a alfabetização) com 6 anos completos, fazendo depois 7
anos. Esses alunos estão mais maduros e apresentam um passo à frente no aprendizado.
Isso é detectado quando terminam a fase escolar que vai até o 5º ano. Eles apresentam
uma melhor compreensão de textos e do raciocínio matemático.
Ficou evidenciado, em estudos, que crianças alfabetizadas mais tarde alcançaram
melhores resultados do que apontam os testes com crianças alfabetizadas mais cedo.
As mais velhas simplesmente estão mais prontos e conseguem concentrar-se melhor.
Elas apresentam uma melhor organização e capacidade de lidar com experiências
negativas e desafios.
Fatores que influenciam o desenvolvimento da criança
As influências do meio, tanto as do ambiente interno (aspectos biológicos e
psicológicos) como as externas (ambiente social), começam a atuar mesmo antes do
nascimento e continuam durante toda a vida do ser humano.
Crescimento – Trata-se do aspecto quantitativo das proporções do organismo,
das mudanças nas dimensões corpóreas, como peso, altura, perímetro cefálico, etc.
Desenvolvimento – Trata-se das mudanças qualitativas, como a aquisição e o
aperfeiçoamento de capacidades e funções que permitam à criança realizar coisas
novas, com mais habilidades e cada vez mais complexas.
Maturação – É o modo como ocorre a mudança e o crescimento na área física e
psicológica do organismo infantil. Junto a essas mudanças existem fatores transmitidos
por hereditariedade, que constituem parte do desenvolvimento da criança. Existem as
características e tendências que a criança traz ao nascer, sejam físicas ou psicológicas.
Aprendizagem – É a mudança constante do comportamento e da conduta,
realizada por meio da experiência e da repetição. Depende de fatores internos e
externos, de condições psicológicas e ambientais.
Toda aprendizagem depende da maturação, relacionada às condições orgânicas e
psicológicas, e das condições ambientais (cultura, classe social, etc). É oportuno
lembrar que, se a criança não estiver madura para executar determinada atividade, ela
não poderá aprendê-la, pois não disporá de condições para sua realização. É pela
aprendizagem que o homem desenvolve os comportamentos que lhe possibilitam viver.
Atualmente, estudiosos afirmam que este processo se inicia mesmo antes do
nascimento.
Podemos afirmar que, em termos práticos, a prontidão escolar pode ser
observada na criança quando ela é capaz de realizar, participar, criar, ser uma pessoa
sociável, comunicar-se com sucesso, dentro de suas capacidades, em tudo o que é
oferecido pela escola e pela família. Os principais sistemas de suporte com que a
criança conta, para desenvolver-se e enfrentar as dificuldades, são a família e a escola.
Aspectos para a observação da criança de 6 anos de idade,
na avaliação de sua prontidão para o aprendizado
• Participação – No ritmo do dia a dia. Nas atividades propostas. Demora a mudar de
atividade?
• Conquistas – Os passos que a criança deu nos desafios propostos, nas atividades do
dia a dia. Aquisição da autonomia.
• Alimentação – Quantidade. Restrições. Preferências. Mastigação. Digestão.
• Hábitos – Higiene. Controle do esfíncter. Autonomia.
• Atividades – Desenho. Pintura. Modelagem. Trabalhos manuais. Afazeres na sala.
Arrumar e ajudar. Coordenação fina. Como participa em cada atividade?
• Brincar dentro da sala – Preferências. Criatividade. Como brinca? Como se relaciona?
Participação.
• Brincar fora no pátio/parque - Preferências. Coordenação motora/corporal.
Agilidade. Amadurecimento sensorial.
• Ouvir histórias – Fica tranquila? Consegue ouvir as histórias? Concentração. Entra
nas imagens das histórias? Reconta? Memoriza?
• Linguagem – Sua expressão. Vocabulário. Pronúncia. Construção de frases. Voz nasal,
oral? Retraída ou extrovertida? Recitar versos. Canta com facilidade ou dificuldade?
• Lado social – Poucos ou muitos amigos? Fixa-se numa criança? Relaciona-se com
todos? Relacionamento com os professores e adultos. Retraída ou extrovertida?
Humor.
• Música – Canta? Memoriza as canções? Está atenta? Voz mais aguda ou grave? Gosta
de cantar? Segura uma nota mais tempo no final de uma música? Começa a tornar-se
consciente no domínio do ritmo?
• Sexualidade – Acordada ou não?
• Sono – Dificuldade para adormecer. Como vai dormir? Possui algum ritual para
dormir? Choro. Pesadelo. Chega cansada ou bem desperta na escola? Enurese
noturna.
• Dentição – Quantos dentes nasceram? A segunda dentição.
• Lateralidade – A tendência. Está definida a lateralidade?
• Motricidade grossa – Jogar bola. Pular corda. Andar. Correr. Nadar. Varrer a sala.
Guardar os brinquedos. Subir em árvores. Pisa na ponta do pé? O equilíbrio.
Agilidade.
Motricidade fina – Como pega os lápis? Como segura os talheres? Como costura? Faz
trabalhos manuais? Tem agilidade nas mãos e pés?
• Geografia corpórea - A movimentação do corpo pelos ambientes. Tropeça? Sobe e
desce com facilidade? Locomove-se sabendo a direção? Balança sozinha? Nadar.
Andar de bicicleta. Pular corda.
• Postura – Como se senta? Consegue pegar algo no alto? Como se posta à mesa para
comer? Como pega algo do chão, se inclina ou se agacha?
• Saúde – Doenças infantis. Gripes. Alergias. Visão. Audição. Alguma dificuldade,
limitação?
• Constituição familiar – Pais separados ou não? Participação dos pais na vida familiar.
Pontualidade e frequência da criança na escola. Relacionamento dos pais com a
escola.
Constituição da criança a ser observada
A constituição física, à qual o médico, o professor e a família devem estar
atentos, é algo hereditário em que não podemos influir consciente e diretamente. A
passagem da criança pequena para criança escolar mostra-se, em geral, na
transformação de sua postura – em sua conformação física. O corpo infantil
tipicamente ‘rechonchudo’ começa afinar e a esticar aos 5 anos de idade. Os braços e
as pernas se alongam e os dedos se afinam. A criança escolar torna-se mais esbelta e
longilínea. Ela não possui mais as mãos arredondadas da criança pequena; sua barriga se
achata, a forma de toda a sua constituição física se torna mais delineada. A criança
consegue ter mais controle dos movimentos corporais, apossa-se de seu corpo. Esta
mudança é o sinal de que as forças formativas que atuaram no desenvolvimento corporal
durante os primeiros 6 anos de vida da criança alcançam sua meta principal, que é o
amadurecimento do sistema neurológico, e então podem começar a colocar-se à
disposição para o aprendizado, para atuar num outro patamar.
Na etapa dos 6 a 7 anos de idade, encontramos na conformação física a troca
dos dentes como um sinal do amadurecimento da criança. A formação dentária foi
concluída com 24 dentes de leite, de modo que se inicia a troca dos dentes de leite
pelos definitivos. Para muitos alunos do 1o
ano escolar, os dentes de leite ainda estão
firmes; para outros estão moles ou já caíram, de modo que os novos dentes já podem
ser vistos.
Isto varia de criança para criança. A mandíbula se alarga e nascem os molares
permanentes. Os dentes incisivos se afrouxam, e já se formam os dentes novos. Este
processo de dentição dura alguns anos, geralmente dos 6 aos 9 anos. Para a maturidade
escolar, é fundamental que pelo menos os molares traseiros tenham rompido.
Além da avaliação da conformação física e das trocas de dentes, a avaliação da
lateralidade é algo muito importante. Alguns exercícios dados à criança podem mostrar
se ela está definindo ou não sua lateralidade:
• Com que mão a criança desenha, segura a escova ou o lápis, ou joga bola?
• Qual pé ela escolhe espontaneamente quando pula, sobe um degrau ou chuta
uma bola?
• Em que orelha a criança coloca a concha do mar para escutar seu ruído, ou
utiliza o telefone?
• Com qual olho ela vê através de um caleidoscópio, um monóculo (feito de papel
em forma de tubo) ou um telescópio?
Por meio destes exercícios (sob forma de brincadeira, com imagens) podemos
observar como está a lateralidade da criança. Quando, a cada exercício acima citado,
ela usa um lado e depois o outro (o direito ou o esquerdo), existe um cruzamento. A
criança irá mostrar sua preferência. Ela deve diferenciar sua mão direita da esquerda,
assim como diferencia o lado direito e o esquerdo nas formas das letras, como no
exemplo das letras ‘d’ e ‘b’. É muito importante que a lateralidade esteja definida, pois
atua em todo o aprendizado da leitura e da escrita. Caso a lateralidade ainda esteja
cruzada, a criança deveria ter o acompanhamento de uma fonoaudióloga.
O exame de maturidade do desenvolvimento físico é complementado pela
observação no âmbito anímico e social. Podemos observar que os meninos se
desenvolvem mais devagar do que as meninas. As meninas, em geral, estão de 2 a 4
meses à frente. Então devemos levar isso em consideração também na avaliação da
maturidade de cada criança. Há casos em que existem a maturidade física e a da
lateralidade, mas o professor observa a imaturidade anímica e social da criança. A
criança que inicia o aprendizado escolar imatura fica mais ansiosa e se sente
desprotegida. Pode ser uma criança que tenha tido poucas oportunidades de brincar, de
estar com mais crianças, que não tenha tido a oportunidade de realizar tarefas simples
e conquistar autonomia.
Ela não consegue seguir, copiar, e tem dificuldade em realizar tarefas propostas
pelo professor. Uma criança assim poderia ter dificuldade em concentrar-se e inserirse no contexto social de um grupo maior com mais desafios.
Aos 6 anos, as crianças aprendem a seguir as regras e os padrões de
comportamento básicos da sociedade. Elas já sabem discernir se uma ação é certa ou
errada. A vida social da criança passa a ser cada vez mais importante, e é comum, nesta
faixa etária, o que se chama de ‘melhor amigo’. As crianças passam a dar um crescente
valor à amizade. Também passam a comparar-se com outras crianças da mesma faixa
etária. Antes dos 6 anos, a força que predomina na relação com o mundo é a prática,
direta, imediata. Podemos chamá-la inteligência prática, espontânea. Esta inteligência
funciona quando o cérebro ainda não tem a estrutura linguística para a reflexão ou
assimilação racional. Vendo que a inteligência prática, volitiva é a primeira atividade
inteligente à nossa disposição para aprender da vida, devemos concluir que tudo o que
tem a ver com a vida prática é o que forma o ser humano de zero a sete anos de idade.
Aos 6–7 anos de idade, a criança já deveria conseguir elaborar uma
representação mental com bastante clareza, demonstrando assim seu desenvolvimento
cognitivo. Apresentamo-lhe um quadro reproduzindo uma praia e pedimos que ela nos
conte o que viu. A criança madura começa com o termo geral ‘praia’ para descrever o
quadro, enquanto a imatura começa pelos detalhes. Também é importante que a criança
madura consiga depois descrever os detalhes do quadro. Ela deve mostrar a capacidade
de reproduzir o círculo, o quadrado e o triângulo nos detalhes de seu desenho. Deve
conseguir ouvir vários relatos dos colegas e perceber que estão todos dentro de um
mesmo tema.
A atividade de discernir os diferentes objetos, separando-os e guardando-os,
evidencia a maturidade da percepção sensorial e cognitiva. Podemos pedir à criança para trazer um regador, depois um vaso, um pote e uma vela – tudo numa sequência, de
modo que ela nos mostre se consegue gravar o pedido e realizar todos os comandos.
No caso da criança mais desperta e precoce, deixamos que ela monte um teatro
de bonecos no qual pode criar o cenário, escolher os personagens e organizar a
apresentação. Ela irá envolver-se, entreter-se, e será levada a engajar-se com sua
individualidade, desenvolvendo suas diversas aptidões. O ideal é que uma criança assim
tenha muitas atividades criativas e lúdicas.
Uma criança precoce não deve perceber desde cedo o desejo dos pais de que ela
seja um ‘gênio’. Ela vai sentir-se pressionada, podendo regredir em seu desenvolvimento
anímico. Uma criança cheia de capacidades e esperta precisa de adultos alegres e de
muito humor, para equilibrar sua tendência a permanecer no âmbito mental; adultos
com muito afeto e abertos a novas perguntas, sempre respondendo e conversando com
ela, sem muitos detalhes explicativos. Há muitas pesquisas indicando um nível de
estresse altíssimo nas crianças precoces, o que pode inibir a aprendizagem mais tarde.
Para o aprendizado escolar, dá-se ênfase à capacidade de resolução de
problemas, uma habilidade que é aperfeiçoada com o passar do tempo – como, por
exemplo, solucionar crises entre os amigos numa brincadeira. Até o quinto ano de vida,
as crianças procuram resolver problemas por meio da primeira solução que vem à sua
mente, certa ou errada. Após o quinto ano de vida, a criança passa a procurar diversas
soluções, vindo a reconhecer a solução correta ou aquela que mais se aplica ao
problema.
O suporte da família é de grande importância em todo o desenvolvimento da
criança. Quando a escola oferece atividades práticas, alegres e criativas para a família
e para a criança, isso promove o fortalecimento da ligação de todos e a construção da
confiança. O desenvolvimento saudável da criança está diretamente ligado à
participação da família nas atividades com os filhos, tanto em casa como na escola.
Dentro da realidade em que as crianças vivenciam o espaço da escola desde muito
cedo, pais, professores e educadores têm-se preocupado com a questão da prontidão
da criança e a aceleração no aprendizado. Isso traz à tona o assunto da importância da
família na prontidão escolar de uma criança que vive um processo de ensino e
aprendizagem. Os fatores indicativos dentro desse aspecto, na relação entre família,
criança e escola, são as seguintes constatações:
a) se a criança teve contato com pessoas adultas estáveis, que participam de sua
vida;
b) se ela esteve exposta a um ambiente físico previsível e seguro;
c) se ela vivenciou rotinas regulares e atividades que apresentaram ritmos em
sua vida em casa;
d) se ela esteve em contato com outras crianças fora da escola; e) se teve contato com materiais que estimularam sua capacidade de explorar e
apreciar a natureza e o mundo que a cerca, assim como sua capacidade de
obter um senso de controle sobre esses objetos, além do ambiente escolar;
f) se ela foi respeitada em cada etapa de seu desenvolvimento, sem ser
acelerada pelos adultos à sua volta.
Desenho – “Eu sabia desenhar como Rafael [pintor italiano], mas levei a vida toda
para aprender a desenhar como uma criança.” (Pablo Picasso, pintor espanhol)
No desenho da criança de 6 anos, ela já determina o que vai fazer, antes de
começar: “Agora vou desenhar uma árvore.” Ela tem um objetivo consciente ao fazer
um desenho. Desenhos simétricos podem aparecer, compondo formas que se repetem
na folha com muitas cores.
Podemos ver uma evolução da forma humana. A criança pequena começa com
rabiscos ou garatujas, como uma continuidade da intensidade dos movimentos
corporais. Depois, aos 3 anos de idade, ela preenche a folha com círculos, que ganham
pontos no centro. Esses círculos demonstram que a individualidade está mais presente.
Então surgem os raios em torno do círculo, como dedos que se estendem, tateando o
mundo. Aos 4 anos de idade surge o tronco, em forma de longas escadas. Vemos sua
constituição física por meio do desenho. A estrutura física – cabeça, tronco e membros
– começa a delinear-se no desenho já aos 5 anos de idade, quando a criança reproduz o
céu e a terra, ‘em cima’ e ‘embaixo’, e uma casa, mostrando sua noção espacial e sua
maturidade corporal.
Aos 6 anos de idade surgem formas triangulares, e ela desenha com muitos
detalhes o céu, o chão, a casa, várias pessoas, árvores, tudo com muitas cores. Há a
mudança na ênfase dos traçados. As crianças mais novas cobrem as superfícies de
cores, e as crianças mais velhas querem colorir os objetos, preencher tudo o que
desenham.
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