Educação Física UniSalesiano 2010.
Recreação e Lazer –
Professor Ivo Pedon.
Conteúdos para prova dia 20/04/2010
O que é Recreação é Lazer.
Qual é a diferença da Recreação e o Lazer.
História da Recreação.
Jogos cooperativos.
O Furto do Lúdico.
As Barreiras do lazer
Políticas públicas
O que é Recreação é Lazer? 02-02 - 2010
Trata-se de um fenômeno que exerce conseqüências sobre o trabalho, a família e a cultura. Todavia, definir o que vem a ser o lazer ainda constitui uma preocupação.
O lazer constitui-se em um conjunto de atividades terceiras diversas das atividades produtivas e das obrigações sociais que apresentam a estas novos problemas. Surge como elemento perturbador na cultura de nossa sociedade.
Os sociólogos do trabalho, como Friedmann, em particular, decidiram chamar de lazer aquelas atividades compreendidas como hobbies. Mas, embora essa noção seja interessante não permite a aproximação conceitual com a importância que o lazer assumiu na sociedade contemporânea.
“O lazer é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou, ainda para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais.
Qual é a diferença da Recreação e o Lazer
Para entendermos a diferença entre Lazer e Recreação, é necessário que entendamos outros conceitos.
LAZER é o estado de espírito em que o ser humano se coloca, instintivamente (não deliberadamente), dentro de seu tempo livre, em busca do lúdico (diversão, alegria, entretenimento, etc.).
RECREAÇÃO é o fato ou o momento, ou a circunstância que o indivíduo escolhe espontaneamente e deliberadamente, através do qual ele satisfaz (sacia) seus anseios, vontades ou seu lazer.
Dicionário: Com deliberação. Propositadamente.
RECREAÇÃO 09-02-10
História da Recreação
Segundo Marlene Guerra
A recreação teve sua origem na pré-história, quando o homem primitivo se divertia festejando o início da temporada de caça, ou a habitação de uma nova caverna.
As atividades se caracterizavam por festas de adoração, celebrações fúnebres, invocação de Deuses, com alegria, caracterizando assim um dos principais intuitos da recreação moderna, e também, o vencimento de um obstáculo.As atividades (jogos coletivos) dos adultos em caráter religiosas foram passadas de geração em geração às crianças em forma de brincadeiras.
O movimento da recreação sistematizada iniciou-se na Alemanha em 1774 com a criação do Philantropinum por J. B. Basedow, professor das escolas nobres da Dinamarca. Na Dinamarca, as atividades intelectuais ficavam lado a lado às atividades físicas, como equitação, lutas, corridas e esgrima.
Na Fundação Philantropinum havia cinco horas de matérias teóricas, duas horas de trabalhos manuais, e três de recreação, incluindo a esgrima, equitação, as lutas, a caça, pesca, excursões e danças. A concepção Basedowiana contribuía para a execução de atividades a fim de preparação física e mental para as classes escolares maiores.
Contribuindo, Froebel criou os Jardins de Infância onde as crianças brincavam na terra.
Nos EUA o movimento iniciou em 1885 com a criação de jardins de areia pra as crianças se recrearem. Com o tempo, o espaço tornou-se pequeno visto que os irmãos mais velhos vinham também se recrearem nos jardins. Criavam-se então os Playgrounds em prédios escolares, chamados também de pátios de recreio.
O 1º - HULL HOUSE - Chicago, em 1892. Área para jogos, aparelhos de ginástica e caixa de areia.
Prevendo a necessidade de atender as diversas faixas etárias, foram criados os Centros Recreativos, que funcionavam o ano todo. Eram casas campestres com sala de teatro, de reuniões, clubes, bibliotecas e refeitórios. Havia estruturas semelhantes ao que temos hoje em dia: Caixas de areia, escorregadores, quadras e ginásio para ambos os sexos com vestiários e banheiros, balanços, gangorra, etc. Para orientação das atividades existiam os líderes especialmente treinados.
Em 1906 foi criado um órgão responsável pela recreação, o Playground Association Of America, hoje mundialmente conhecido com NATIONAL RECREATION ASSOCIATION.
O termo playground foi mudado para "recreação" devido à necessidade de atingir um público de diferente faixa etária, como os jovens e adultos. E devido a crescente importância do tempo de lazer dos indivíduos da sociedade.
No Brasil a criação de praças públicas iniciou-se em 1927, no Rio Grande do Sul com o ProfºFrederico Guilherme Gaelzer. O evento chamava "Ato de Bronze", onde foram improvisadas as mais rudimentares aparelhagens. Pneus velhos amarrados em árvores construíam um excelente meio de recreação para a garotada.
Em 1929, aparecem as praças para a Educação Física, orientadas por instrutores, pois não havia professores especializados.
Surgia a partir daí, Centros Comunitários Municipais.
Em 1972, foi criado o "Projeto RECOM" (Recreação - Educação - Comunicação), pelo prefeito Telmo Flores juntamente com o profº Gaelzer. Porto Alegre (a pioneira desse tipo de projeto), realizou atividades recreativas e físicas promovendo o aproveitamento sadio das horas de lazer e a integração do homem com sua comunidade.
Funcionavam no RECOM uma Tenda de Cultura e um Carrossel de Cultura, desmontáveis e de fácil remoção. A Tenda é uma casa de espetáculos. O Carrossel foi criado para apresentações externas, espetáculos ao ar livre.
Façamos a ressalva pela importância da recreação, a Alemanha, a introduzindo nas escolas e criando os parques infantis. Os EUA, criando os playgrounds equipados revolucionando a recreação pública. O Rio Grande do Sul pelo pioneirismo e a implantação do "RECOM" com a recreação móvel.
Ref. Bibliográfica:
GUERRA, Marlene - Recreação e Lazer.Porto Alegre, Sagra, 1988.
“O lazer é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou, ainda para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais.
A recreação teve sua origem na pré-história, quando o homem primitivo se divertia festejando o início da temporada de caça, ou a habitação de uma nova caverna.
• Jogos cooperativos são jogos feitos para unir pessoas, a preocupação não é de ganhar e sim se divertir e de se contrair.
• Existem muitos de jogos cooperativos como, por exemplo, amigos de jô, basquete, vôlei, estamos todos no mesmo saco, futebol e outros jogos.
• Esses tipos de jogos são utilizados para incrementar a paz no dia-a-dia do participante.
• Jogos cooperativos não são apenas jogos que exigem força física, muito pelo contrário, pois jogo da memória, quebra-cabeça e jogos deste gênero também são considerados jogos coorporativos.
O movimento da recreação sistematizada iniciou-se na Alemanha em 1774.
Criada por J. B. Basedow, professor das escolas nobres da Dinamarca. Na Dinamarca, as atividades intelectuais ficavam lado a lado às atividades físicas, como equitação, lutas, corridas e esgrima.
Nos EUA o movimento iniciou em 1885 com a criação de jardins de areia pra as crianças se recrearem. Com o tempo, o espaço tornou-se pequeno visto que os irmãos mais velhos vinham também se recrearem nos jardins. Criavam-se então os Playgrounds em prédios escolares, chamados também de pátios de recreio.
O 1º - HULL HOUSE - Chicago, em 1892. Área para jogos, aparelhos de ginástica e caixa de areia.
Prevendo a necessidade de atender as diversas faixas etárias, foram criados os Centros Recreativos, que funcionavam o ano todo. Eram casas campestres com sala de teatro, de reuniões, clubes, bibliotecas e refeitórios. Havia estruturas semelhantes ao que temos hoje em dia: Caixas de areia, escorregadores, quadras e ginásio para ambos os sexos com vestiários e banheiros, balanços, gangorra, etc. Para orientação das atividades existiam os líderes especialmente treinados.
Surgia a partir daí, Centros Comunitários Municipais.
Em 1972, foi criado o "Projeto RECOM" (Recreação - Educação - Comunicação), pelo prefeito Telmo Flores juntamente com o profº Gaelzer. Porto Alegre (a pioneira desse tipo de projeto), realizou atividades recreativas e físicas promovendo o aproveitamento sadio das horas de lazer e a integração do homem com sua comunidade.
Funcionavam no RECOM uma Tenda de Cultura e um Carrossel de Cultura, desmontáveis e de fácil remoção. A Tenda é uma casa de espetáculos. O Carrossel foi criado para apresentações externas, espetáculos ao ar livre.
Façamos a ressalva pela importância da recreação, a Alemanha, a introduzindo nas escolas e criando os parques infantis. Os EUA, criando os playgrounds equipados revolucionando a recreação pública. O Rio Grande do Sul pelo pioneirismo e a implantação do "RECOM" com a recreação móvel.
Ref. Bibliográfica:
GUERRA, Marlene - Recreação e Lazer.Porto Alegre, Sagra, 1988.
O Furto do Lúdico 09/03/2010
Hoje, o lúdico está sendo furtado da criança, pois esta, não brinca mais, ela se vê em determinados momentos, e porque, não dizer quase o tempo todo, vivendo o papel do adulto, assumindo responsabilidades adultas. A mídia também tem sua parcela de culpa, pois hoje a criança passa mais tempo em frente à TV do que brincando.
O Proesf veio acrescentar à minha prática o valor desses momentos.
O Proesf: Projeto de Apoio a Implantação e Consolidação do Programa de Saúde da Família
Uma leitura realizada em uma aula de Pedagogia da Educação Infantil sobre o lúdico na escola e a influência da mídia nesses momentos. Ela deixava
claro que nossa cultura, e mais ainda, a das crianças, absorveu a mídia e, de um modo privilegiado, a televisão. Na leitura do texto, sobre a cultura infantil, trabalhado na disciplina de Educação da Criança de 0 a 6 Anos, ficou evidente também, que na infância pós-moderna, estar sozinho em casa é uma realidade diária, elas hoje sabem o que apenas os adultos
sabiam; são esclarecidas em relação a sexo, drogas e álcool, algumas tendo já experiências. Pode-se observar, pelas ficções ou pelas diversas imagens que a televisão mostra que ela fornece às crianças conteúdo para suas brincadeiras. Elas se transformam, através das brincadeiras, em personagens vistos na televisão. Na maioria das vezes, as imagens vistas e os personagens assumidos por elas, não fazem parte da realidade em que estão inseridas. Como educadores cabe a nós trabalhar o lado infantil de cada aluno nosso, destacando o que a infância tem de bom e despertar neles o interesse também por atividades infantis, brincadeiras de roda, entre outras.
As Barreiras do lazer
• Marcellino (2001) contribui ressaltando seis aspectos que considera relevantes no tocante ao desenvolvimento de um programa de educação para o lazer:
• a) Contribuição para a demonstração da importância do lazer, como forma de expressão humana, na nossa sociedade;
• b) Iniciação aos conteúdos culturais físico-esportivos;
• c) Contribuição para que o aluno perceba a inter-relação entre os conteúdos físico-esportivos e os demais conteúdos culturais;
• d) Desenvolvimento desses conteúdos físico-esportivos não apenas como “prática” – o fazer, mas como conhecimento e apuração do gosto, contribuindo para a formação não só de praticantes, mas também de espectadores ativos;
• e) Partindo do “nível” em que o aluno se encontra, respeitando sua cultura local, procurando promover esse “nível” de conformista para crítico e criativo;
• f) Trabalhando na metodologia de ensino, enquanto forma, incorporando, ao máximo possível, o elemento lúdico da cultura, como componente do processo educacional (MARCELLINO, 2001, p. 114).
O autor ainda frisa que a missão de veicular a educação para o lazer não deve ser destinada somente à EF, uma vez que as relações lazer-escola-processo educativo são caracterizadas pela interdependência entre cada um desses elementos (MARCELLINO, 2001). A sugestão de trabalhar a educação para o lazer nas aulas de EF se dá por que, juntamente com a educação artística, a EF é a disciplina escolar que está mais próxima dos conteúdos culturais do lazer (MARCELLINO, 2003).
• Algumas barreiras devem ser superadas para a implantação de um programa de educação para o lazer nas aulas de EF: a falta de integração entre oconteúdo cultural físico-desportivo e os demais conteúdos culturais do lazer na proposta curricular; a falta de oportunidades para o desenvolvimento de comportamentos críticos e criativos em relação às vivências de lazer, ...
A concentração da função de ator principal da relação pedagógica no professor e a atribuição de papel conformista ao aluno em relação ao conteúdo trabalhado; a excessiva valorização da prática em detrimento da contemplação nas aulas; e a ênfase nos esportes tradicionais, suas regras e seus fundamentos.
Jogos tradicionais aula do dia 16 março de 2010. Prática.
constituem grande parte do patrimônio lúdico das crianças são todos tradicionais, o
que quer dizer que são valores vindos de nosso passado, do período da nossa
formação, constituindo o ambiente moral em que nos formamos."*
Ivan IVIÓ, da Iugoslávia, especialista na pesquisa de Jogos Tradicionais
A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS TRADICIONAIS DENTRO DO CONTEXTO LÚDICO
Devemos ressaltar, em primeiro lugar, que os Jogos Tradicionais ilustram a cultura
local e que o resgate da mesma é muito importante para o nosso patrimônio lúdico. O Jogo Tradicional é memória, mas é também presente: se observarmos em detalhe o jogo da criança de hoje em comparação aos jogos infantis do começo do século,
constataremos que existem, obviamente, grandes diferenças. A televisão e a tecnologia dos brinquedos modernos mudaram, sem dúvida, a brincadeira infantil.
As barreiras do lazer e o Furto do lúdico também estão envolvidos.
Amarelinha, pião, balança caixão, esconde-esconde e inúmeras outras
brincadeiras estão hoje presentes nas atividades lúdica, muitas vezes sob uma outra forma ou com outra denominação. Mas o conteúdo continua sendo o mesmo.
como fez Jean PIAGET)* poderemos classificá-lo como sendo um jogo de
regras. Na transmissão das regras do jogo de bolinha, por exemplo, as crianças são
primeiro influenciadas pelos seus pais.
É singular notar que entre crianças de uma mesma geração, dentro de um mesmo espaço, existem inúmeras maneiras de jogar bolinha. De um grupo para outro, mudam as regras. A regra do jogo é simples: consiste em colocar algumas bolinhas num quadrado para depois pegá-Ias, deslocando-as por meio de uma bola maior que as demais. Embora seja simples, essa brincadeira tem muitas funções úteis, como possibilitar à criança a aprendizagem de algumas regras morais, a obtenção de noções de espaço e tempo, o trabalho com noções de Matemática e Física, assim como a sua sociabilização através da cooperação e da competição. Este jogo contribui também para o desenvolvimento da cognição, levando a criança a pensar, analisar e tomar decisões. Do ponto de vista físico e motor, adotam-se uma postura e movimentos específicos do corpo para se jogar corretamente. A criança desenvolve também a motricidade fina, já que existe uma forma certa de segurar as bolinhas e jogá-las. No plano afetivo, podem ser observadas diversas atitudes nas crianças, que podem ser desenvolvidas ou mudadas através do jogo: se a criança é exaltada ou calma, se tem paciência ou não, as reações que ela tem frente ao sucesso ou ao fracasso etc. A capacidade de aprender desenvolve-se também através do aprendizado de regras, métodos etc.
Políticas públicas
Políticas públicas correspondem à intervenção do poder público na tentativa de destinar as verbas públicas para atendimento da população em um determinado campo social. Dessa forma, para que haja um melhor entendimento sobre políticas públicas de lazer deve-se ter uma compreensão ampliada do significados desses termos, como aponta Cruz (2001), a expressão política pública de lazer , por si só demanda relevantes estudos no sentido da explicitação de uma dada compreensão de política, de público e de lazer.
Como também ressalta Stingger (1998), que reafirma o conceito de políticas públicas pelo viés da intervenção consciente e dialética das partes, Quando o assunto é políticas públicas, se está falando de um determinado tipo de intervenção[...], que necessariamente
deverá trazer consigo e ter, como ponto de partida, a posição político-ideológica que norteia e deverá estar inserida na
concretização de todas as ações que vierem a ser adotadas. (STINGGER apud CRUZ, 1998, p.84).
Neste sentido, o autor nos orienta para a compreensão de políticas públicas que contemplam o estudo sobre a ação, baseada por uma posição político ideológica, dialética entre as partes que beneficiam e que serão beneficiadas com uma possível intervenção. Quando há ou quando é 2 Devemos compreender uma sociedade burguesa como fruto de interesses da construção do modo de produção de capitalista, cuja ideologia atinge diretamente os interesses de classes menos favorecidas que almejam, muitas vezes, melhores condições de vida não por necessidade primária, mas por influência do contexto neoliberal, que tem incutido uma luta diária nas classes populares o desejo de vencer, não por uma sociedade mais justa e igualitária, mas pelo desejo de pertencer, um dia, àquela sociedade. permitida a participação popular na formulação e aplicação das políticas públicas, o processo se torna mais legítimo, posto que a comunidade é a parte mais interessada, é quem aponta os caminhos para a intervenção (ou deveria apontar). Quando buscamos subsídios para conceituar políticas públicas de lazer, partimos da compreensão de que a sociedade necessita organizar-se politicamente seguindo um princípio ideológico oposto ao modo consolidado pelas elites burguesas, principalmente em relação ao ócio. A burguesia apresenta uma posição condenadora do tempo livre, pois o que lhe interessa é a produtividade e o lucro dela advindo. Esta relação não é tão simplista. O trabalhador sentiu necessidade de descanso para conseguir produzir mais em função da cobrança de seu empregador e observou que precisava de algo que lhe desse prazer, que lhe satisfizesse de algum modo e pudesse descansá-lo do mundo do trabalho, como descreve Camargo (1992), as atividades de lazer são, pois, desinteressadas, liberatórias, escolha pessoal na busca de algum prazer. (p.34)
Esta necessidade fez com que o lazer fosse bandeira de luta das reivindicações sociais dos trabalhadores, na conquista do tempo disponível e por condições mais humanas de trabalho. Infelizmente, por mais que se tenha lutado, as condições de trabalho e ocupação do tempo disponível da grande maioria da massa trabalhadora, seguem uma lógica mercantilista, solidificada pelo modo de produção do capital, pela burguesia moderna no decorrer do tempo. Assim tomamos como essencial ressaltar, que o público é parte concreta na composição do que é social e do que é o lazer, por uma concepção integral, além de direito social garantido por lei3, é componente indissociável da cultura de um povo. Acreditamos nas políticas públicas para o lazer como uma demanda social de um grau de necessidade emergente e urgente a ser tratada, discutida e fomentada no seio das comunidades e concretizada pelo estudo e planejamento da ação política na consolidação do público, de maneira dialética. O poder público em sua grande maioria, tem se perdido , ou simplesmente vem sendo omisso, na sua relação com a promoção do lazer para a sociedade, uma vez que a indústria cultural tem se apropriado e ganhado a disputa da ocupação do tempo disponível das pessoas, com produtos atrativos, tecnologicamente avançados e que satisfazem as necessidades mais específicas e particulares de cada grupo (ou cada um), como um
pacote personalizado, disponível ao bolso de quem pode pagar por esse tipo de satisfação.
Nesse sentido, segundo Marcellino (1987), a iniciativa pública baseada no senso comum, tem atribuído às políticas de lazer uma concepção utilitarista, pautando na necessidade a sua relevância, pois por outro motivo talvez não existiriam. Nesta direção, o autor enfatiza que, quando não há uma política de lazer voltada para a formação mais humana e consciente dos sujeitos, o espaço que o lazer deveria ocupar na sociedade nesta forma, é rapidamente absorvido pelo tempo de um mercado consumista, que na proporção da indústria cultural ocasiona o que o autor 3 São direitos sociais a educação, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção a maternidade e à infância, a assistência aos desempregados na forma desta Constituição. Cap. II, Art. 6º da Constituição Federal de 1988.
denomina de esvaziamento de memória cultural , onde o tempo e o espaço das manifestações culturais se convertem em produtos e tendências comerciais.
É o caso da influência na produção de brinquedos industriais que trazem personagens heróicos (por exemplo, as Meninas Super-poderosas, Dragon Bol Z, X-Men, Jack Shun e outros) que contribuem para o desinteresse das crianças em imaginar, criar e recrear-se com brinquedos feitos de materiais brutos ou sucatas, que incentivam a autonomia e a liberdade que, possivelmente, viabilizará a escolha do seu lazer no futuro. Castellani (1987), quando trata da questão das políticas públicas relacionadas ao lazer, faz uma contextualização da conjuntura nacional e mundial, frente às implicações do mercado moderno na promoção de uma forma de entretenimento4 que segue os interesses da indústria cultural em denotá-lo como forma de lazer, onde ele ressalta,
é neste contexto mundial e nacional que, ao enfocarmos a problemática do lazer enquanto um dos indicadores da
qualidade de vida de um povo nos deparamos com uma situação aparentemente paradoxal, perceptível nas notícias,
que a par da realidade denunciada pelos dados (...), indicam um crescente investimento no setor de entretenimento por
parte da iniciativa privada associada a indústria do lazer no Brasil. (CASTELLANI, 1987, p.12).
Assim, como outro paradoxo que pode ser apontado na fala do autor, está na apropriação do direito social do lazer pela indústria cultural, que converte bens culturais em produtos, na forma que é um bem que passa a ser atendido pelo mercado. Isto significa que a iniciativa pública pode deixar o lazer para depois, uma vez que ele pode ser encontrado nas prateleiras do mercado.
Entendemos que o lazer faz parte da dimensão humana e que por esse motivo vem sendo na sua condição de luta de classe, consumido pelo mercado moderno e suas imposições. Quando este lazer for baseado nos seus princípios reais e integrais, onde prima a idéia da retomada de uma identidade cultural, perdida ou moldada pelos fetiches sociais criados pela indústria, estaremos assim talvez, de fato, diante da oportunidade de consolidá-lo enquanto fator essencial na formação humana.
Assim como aponta Mascarenhas, o lazer tem sua dimensão como prática social emancipatória em que ele concebe como o instrumento da relação da construção social com o que é real, 4 No livro Vida, o filme apresenta a distinção entre lazer e entretenimento, em que o referido não apresenta o princípio de formação dos sujeito na forma que o lazer concebe, ou seja o entretenimento é uma forma assistemática de realização dos sujeitos pelo princípio da satisfação individual desvinculada da totalidade da relação com o real.
Conceber o lazer como prática social e pedagógica é ver no conjunto de suas atividades a possibilidade de produção e
construção de um conhecimento que, em seu caráter crítico e emancipador, guarda estreita ligação com o real.
(MASCARENHAS 2000, p.73).
Desse modo, a concretização do lazer pelo poder público, depende da qualificação do quadro ou seja, recursos humanos, que irá atuar nos estudos das necessidades levantadas pela população, fomentando junto a ela a forma de intervenção mais coerente. Dentro de um possível projeto os sujeitos devem valorizar os espaços/equipamentos da cidade, como forma de reconstituir uma cultura de otimização do que é público para todos, as pessoas (população) devem se sentirem responsáveis pelas formas de utilização, manutenção e criação de novos espaços, fortalecendo assim, princípios de democracia que se perdem pelo hábito do assistencialismo, comum da maioria de nossas administrações públicas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário